domingo, 24 de setembro de 2006

Existem ótimos filmes!


Sútil, inteligente, delicado, apaixonante, profundo e acima de tudo muito bem feito!
Posso usar sem sombra de dúvidas esta frase para definir o filme “Breakfast at Tiffanny’s” baseado na novela de Truman Capote, que recentemente teve a sua biografia filmada para o cinema.(Ainda não vi), voltemos ao “Bonequinha de luxo” . . Ah sim, este é o título dado ao filme em português não poderia cair melhor.

Vale ressaltar que o filme tem atuações impecáveis de Audrey Hepburn e George Peppard além de uma trilha sonora maravilhosa.
Porque é sutil, inteligente, apaixonante, profundo e acima de tudo muito bem feito?
Bem, quem viu comente, quem não viu, corra e veja e vamos falar sobre este belo filme!
Segue abaixo algumas informações sobre o filme:

Título Original: Breakfast at Tiffany's
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 115 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1961
Estúdio: Paramount Pictures / Jurow-Shepherd
Distribuição: Paramount Pictures
Direção: Blake Edwards
Roteiro: George Axelrod, baseado em livro de Truman Capote
Produção: Martin Jurow e Richard Shepherd
Música: Henry Mancini
Fotografia: Franz Planer e Philip H. Lathrop
Direção de Arte: Roland Anderson e Hal Pereira
Figurino: Hubert de Givenchy e Pauline Trigere
Edição: Howard A. Smith

Elenco
Audrey Hepburn (Holly Golightly)
George Peppard (Paul "Fred" Varjak)
Patricia Neal (Tooley)
Buddy Ebsen (Doc Golightly)
Martin Balsam (O.J. Berman)
José Luis de Villalonga (José da Silva Pereira)
Alan Reed (Sally Tomato)
Dorothy Whitney (Mag Wildwood)
Stanely Adams (Rusty Trawler)
Claude Stroud (Sid Arbuck)
Mickey Rooney (Sr. Yunioshi)
John McGiver (Vendedor da Tiffany's)

Informações encontradas no site http://adorocinema.cidadeinternet.com.br

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Rosebud (O Verbo e a Verba)

Essa música diz muita coisa,vale a pena compartilhar, não só a música, mas o meu momento.

Dolores, dólares...
O verbo saiu com os amigos
pra bater um papo na esquina,
A verba pagava as despesas,
porque ela era tudo o que ele tinha.
O verbo não soube explicar depois,porque foi que a verba sumiu.
Nos braços de outras palavraso verbo afogou sua mágoa, e dormiu.

Dolores e dólares.... rosebud

O verbo gastou saliva,de tanto falar pro nada.
A verba era fria e calada,
mas ele sabia, lhe dava valor.
O verbo tentou se matar em silêncio,
e depois quando a verba chegou,
era tarde demaiso cádaver jazia,
a verba caiu aos seus pés a chorar
lágrimas de hipocrisia.

rosebud, dolores e dolares...

Composição: Lenine / Lula Queiroga

segunda-feira, 22 de maio de 2006

Declaração de Amor








Se fosse para descrever do momento específico com muita e absoluta certeza não saberia descrever. Sei do pouco que me lembro que era escuro e viscoso, a cor e o cheiro pouco era a palavra repugnante.
Não tinha de fato nada de agradável ou heróico, era difícil, por pouco insuportável, nesta altura meu corpo desobedecia de maneira ríspida, foi nessa hora que caí.


Pouco ou muito depois acordei banhado em algo fétido e vital, custou para que eu ficasse em pé. No entanto a dúvida do que poderia ocorrer se ali ficasse fez me andar mais um pouco e foi de fato mais um pouco, meu corpo parou de vez, meu pensamento foi, sozinho fiquei, largado, jogado. Perdido, bem no centro de suas entranhas.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Tentações


As tentações corroem a sua cabeça, os passos que o carregam, pelas calçadas, e o peso deles é cada vez maior, a sua cabeça pende involuntariamente para baixo, o que o faz cada vez mais notar a cor suja do seu sapato, já muito usado, na outra dimensão deste olhar, observa os pés calçados das outras pessoas desviando dele e dos buracos.
Chega a uma faixa de pedestre, levanta a cabeça, bem a sua frente, um homem dentro do carro, falando ao celular, não, não falando não, gritando ao celular, o seu pensamento sai da sua cabeça e viaja e depois volta, lhe perguntando se ele precisa escutar a conversa estressante daquele homem que ele nunca viu? Se aquele homem deveria ter parado em cima da faixa de pedestre, de pedestre? O sinal abre, para os pedestres e para o homem, que sem perceber acelera o carro assustando a menininha que segurava a mão da mãe, o homem neste momento pára de falar e grita com a mãe da criança, a chamando de irresponsável.
Ele continua o seu caminho, chega do outro lado da rua e se vira e quase xinga o motorista irresponsável, mas neste momento o carro já estava longe.
Continua o seu caminho, esbarra em um homem de terno, pede desculpa, esbarram nele, falam para ele sair do caminho.
Entra no mêtro, espera uns cinco ou seis trens passarem, pois estavam muito lotados e não conseguia entrar, entrou no próximo, ficou apertado, como suas vontades, desceu, foi mais uma vez empurrado, mais uma, outra.
A sua cabeça girava, não estava mais entendendo o que lhe estava acontecendo, chegou a pensar que estava louco, mas foi só por alguns momentos, agora estava parado, em frente a um imenso prédio, olhou para cima, sua vista doeu com a luz do sol, fechou os olhos e a razão dentro do peito.
Entrou. Subiu. Sentou. Trabalhou. Desceu. Saiu, tudo isso do prédio que ele estava olhando, estava alheio a tudo e a todos, menos dele mesmo.
Parou em um bar, parou em um bar, parou em bar.
Me deixe.Ele gritou, como assim ele gritou, está história não é a minha história?
Lógico que não, está, é a minha história.
Sim, parei, sentei no bar, pelo menos nesta parte concordamos, mas na verdade eu,não estou louco, na verdade nunca estive mais são em toda a minha vida, em toda a minha vida, percebo algumas coisas que antes não fazia idéia, na verdade idéia fazia, mas não fazia idéia, como entendê-las.
Eu não via as pessoas na rua como vejo hoje, não me sentia mal por isso, sabia que era errado e injusto viver de tal maneira, mas vivia. De algumas coisas que eu não fiz, não chego a me arrepender, mas fico magoado ou vamos dizer ressentido de não ter feito, porém agora já passou.
Esta história não está ficando com a minha cara... E daí?
A história é minha não sua... Eu lembro de uma destas...
De uma destas o quê?
Destas vezes que você se arrependeu, ou quero dizer que você ficou magoado, aquela vez que você poderia ter ganhado o campeonato inter classes, que você disputou, quando estava na oitava série, é foi triste você ficar com medo de fazer o gol, só porque o menino da sexta série disse, que se você fizesse algum gol você se entenderia com ele depois, resultado, vocês da oitava série perderam o jogo, e não ganharam nem o terceiro lugar do campeonato que tinha ajudado a organizar, foi triste né?
Muito triste.
Sim você tem razão, muito obrigado, por me reviver, mais uma lembrança triste, obrigado mesmo, é melhor eu ir embora deste bar. Assim, eu retomo a minha história, e comprovo a minha teoria, realmente ele estava ficando louco, ele ficou no bar por horas, não colocou uma gota de álcool na boca, mas saiu de lá como se tivesse bebido todo o estoque de bebida do lugar, saiu transtornado, alucinado, e sem vontade de fazer nada ao mesmo tempo, se é que isso é possível.
Seguiu até o ponto de ônibus, lá ficou mais uma meia hora, entrou, sentou, depois levantou e saiu.
Quando chegou, percebeu que estava com uma página de um livro em sua mão esquerda, a página do livro estava amassada, parou e sentou na calçada sem perceber que estava chovendo, como todo dia de verão, começou a ler ou reler o poema que não parava de devorá-lo e de corroer sua mente:

Me dá um real?
Não tenho.
Me paga um almoço?
Não posso.
Depois o rapaz, puto da vida quase chorou.
A consciência pesou.
O homem a perguntar a todos no ponto, o que lhe havia perguntado.
A cada palavra proferida, um corte em sua pele.
Tal rapaz queria ajudar, mas não podia e não achava que era sua obrigação.
O estado do Estado, perante o estado do povo, é pseudo-retratado, em qualquer jornal do Estado.
O rapaz pensava isso e em inúmeros outros issos.
Olhava a cidade em movimento, em sua mente movimento este retrógrado.
A cidade sangrava por todos os lados.

A cada esquina outra artéria rompida, outra pessoa jogada.
Finalmente de dentro do ônibus a sua mente procura como estancar tais sangramentos.
Mas não encontra solução.
Sem solução.
Não há solução.
Continua escutando música,
no walkman,
só um fone funciona.
Fica com medo da cidade.
Fica com raiva de si mesmo e depois pensa em dar com os ombros para o problema.
Mas não consegue,
não consegue.
Ele se sente perdido,
Se sente velho,
Se sente inútil,
No auge dos seus vinte e cinco anos
A cidade.
A cidade que ele tanto ama.
A cidade que ele tanto amou.
É o principal motivo para ele se mudar dela,
mesmo sabendo que essa podreira está em qualquer lugar do mundo.
Pensa...
Gandhi.
Marx.
Chico.
João.
Rodrigo.
Pensa...
Pensou.
Chorou.
Chegou em casa ficou pensando e pensando e nada mudou assistiu os mesmos problemas diários na televisão.
Discutiu com sua esposa e seus amigos sobre o assunto e nada mudou.
Nada mudou.
E foi dormir sentindo o gosto de sangue em sua mente.

Terminou de ler ou de reler, enquanto o seu corpo já estava sangrando no meio da rua, no meio da rua, mais uma artéria se rompia, realmente se rompia.Não, não, isso não foi assim.Como não, eu sou o autor da história, eu.
Eu não teria tanta certeza quanto a autoria da história, ou de viver a história.
Goteja o sangue e a história termina.

sexta-feira, 28 de abril de 2006

Noite

As nuvens começam a se carregar, mais lento se tornam seus movimentos.
Pela manhã o sol foi estupendo, não demorou para sair e nem pra se ir.

Ele caminhava lentamente pelas ruas, o seu andar parecia cansado, mas determinado como sempre.
As ruas estavam sujas, o ar mais poluído, o clima pesado, as pessoas com taquicardia, e com pressão baixa, apesar da alta pressão que são submetidas.
O olho do mundo observava, o esgoto entre e as ruas e a sujeira vazando das cabeças de alguns.
O caminhar ficou mais lento, ele chegou a entrada de uma espécie de beco, virou a direita, quase tropeçou em um saco de lixo, o cheiro era horrível, havia um animal morto dentro dele, tal cena o fez vomitar, ele prosseguiu logo depois beco adentro, estava mais curvado que o normal, seu liso cabelo, extremamente liso arrastava pela água que estava ali parada há tempos. No final do beco tinha uma coberta azul desgastada pendurada em cabos de antigas vassouras e em embaixo deste lugar quatro cachorrinhos recém-nascidos e dois gatos, um pouco mais ao lado dois potes com leite e um pouco de arroz, ao ameaçar entrar nesta quase cabana, um dos gatos pulou perto dos pequenos bichinhos, o outro saiu correndo na direção contraria.

Um trovão rompe o silêncio.
A chuva desaba.

Alguns momentos depois chega um homem bem velho, acompanhado pelo gato que correra.
- Quem tá ai?
O homem que estava agachado com um dos pequenos cachorros na palma da mão se levantou...
- Eu perguntei quem tá ai?
O homem coloca o cão no chão e vai na direção do velho homem, colocando em seu ombro a mão.
O velho retira a mão pesada do homem com rispidez e cai pela força utilizada e pela falta dela.
O homem o segura...
O velho se assusta, o gato mia.
A chuva não pára.
O homem abraça o velho.
O vento leva a coberta, os gatos correm, os filhotinhos começam a resmungar, e o velho aproveitando a chuva, deságua a chorar junto com a chuva no ombro do estranho homem, que ao perceber o que estava acontecendo, aperta os olhos como que segurando as lágrimas e eles assim ficaram.
O vento levou a chuva também embora, os dois continuaram abraçados. Os gatos retornam, o tempo continua a se abrir e a passar.
Os gatos bebem o leite, os pequeninos continuam a resmungando, a noite começa a chegar e os dois ainda estão imóveis.
A noite chega, o cheiro daquele animal morto é maior, chegando a ser quase insuportável.
O homem se levanta, delicadamente coloca o velho no chão, se aproxima dos animais e com sua grande e desproporcional boca começa a cantar. Os bichos aos poucos começam a se alegrar, é quase meia noite, estranhas pessoas caminham na rua, mas o homem deixou isso de lado pelo menos naquele momento e continuou a cantar, e a noite parou, parou para escutar.
O cheiro do animal morto aumentou exacerbadamente e todos trocaram de lugar.
O homem parou de cantar, se levantou e partiu na direção do sol que estava nascendo, com uma lágrima escondida em seu escondido rosto deixando para trás o corpo do velho ainda deitado.

Texto de 2004 com algumas alterações
Claudio Rosa

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Ele foi trabalhar passando por baixo!


Eu quase dei
Eu quase dei os cinco centavos que faltavam para completar os dois reais para o rapaz poder passar na catraca do ônibus.
Só não dei.
Só não dei porque nem isso eu tinha.

Pensar


Me dá um real?
Não tenho.
Me paga um almoço?
Não posso.


Depois o rapaz, puto da vida, quase chorou.
A consciência pesou.
O homem no ponto a fazer a todos a mesma pergunta.
Cada resposta, um corte na pele.

Queria ajudar, não podia,
Nem era sua obrigação:
O estado do Estado, perante o estado do povo, é pseudo-retratado, em qualquer jornal do Estado.
Pensava nisso e em inúmeros outros issos.

Olhava a cidade em movimento, em sua mente,
Retrógrado.
A cidade por todos os lados
Sangrava.
A cada esquina, outra artéria rompida,
Outra pessoa jogada.

Então de dentro do ônibus, procura
Um modo de estancar.
Não encontra solução.
Sem solução.
Não há solução.

A música continua tocando
No walkman,
só um fone funciona.
Medo da cidade.
Raiva de si mesmo.
Pensa em dar com os ombros.
Mas não consegue.
Não consegue.

Está perdido,velho,
Inútil
e no auge dos seus vinte e cinco anos.

A cidade.
A cidade que tanto ama.
A cidade que tanto amou.
É o principal motivo para ele se mudar dela,
mesmo sabendo que essa podreira está em qualquer lugar
Do mundo.

Pensa...
Gandhi,
Marx,
Chico,
João,
Rodrigo.
Pensa...
Pensou.
Chorou.

Chegou em casa pensando e pensando, e
Nada mudou.
Assistiu aos mesmos problemas diários na televisão.
Discutiu com a esposa,os amigos e nada mudou.
Nada mudou.
Foi dormir sentindo o gosto de sangue em sua mente.

terça-feira, 11 de abril de 2006

Apareceu.




- Beduíno.
- Chimpanzé.
- Urugutango.
- Meu não é urugutango é orangutangú, até parece que você não sabe.
- Tá bom não fica nervoso, vamu continuá.Gorila.
- Ah cansei! Não quero mais falar disso, eu estou nervoso.
- O que aconteceu?
- Não quero falar.
- O que aconteceu?
- Não vou falar.
- Tá bom, não fala.
- Apareceu...
- Apareceu o quê?
- Apareceu ué.
- Não acredito, quando?
- Não sei, ontem sei lá..., talvez anteontem...
- Não fique assim, cedo ou tarde isso iria acontecer, pelo menos agora você não precisa mais se preocupar com isso.
- É fácil falar, agora aparece um, depois outro e aí?
- Aí você fica sem.
- É...
- Vamos continuar.
- Não.
- Então vai a merda!
- Vai você..........
- Vamos, vamos, abriu a estação.
- Moça me ajuda, me dá um real. Pra eu comprar um pão e um café...
- Moço me ajuda...
- Senhor...
- Moço...
- Moça...
- Não vai dar certo é quase meio dia, tô com fome.
- E agora que apareceu, é pior ainda.
- Pior o quê?
- Tá mais frio né?
- É.
- É..........

Duas da tarde.
Três.
E por aí vai.
De noite embaixo do barraco improvisado:
- Vai a merda!
- Vai você.
- Apareceu outro.
- Problema seu, se acostume.
- Você não sabe o quanto é ruim.
- Não magina, não sei, não sei...
- É isso mêmo....

Chove.Chove.Chove.No meio da madrugada:
- Ô! Oh! Acorda eu tenho que te falar que eu não tenho, que não aparece mais furo na minha cueca, porque ela já não existe mais, não existe mais.
-Como?
- Não existe e ponto, e pega essa comida que o cachorro não qué mais, se não ocê não acorda amanhã....

Olho aberto....Fome....Amanhece.
- Moço...
- Senhor...
Mais um furo.
- Moça...

A inexperiência me guia dia a dia, enquanto espero a experiência que me trará a morte


A inexperiência me guia dia a dia, enquanto e espero a experiência que me trará a morte.


A inexperiência me guia dia a dia, enquanto espero a experiência que me trará a morte.
Que me trará a morte.
Meus passos são divididos em pedaços diários.
Um dia não penso, apenas trabalho,
No outro sim, penso, porque afinal de contas trabalho.
No dia que segue, penso, mas não trabalho.
E assim segue:
Trabalho.
Sonho,
Ainda sonho.
Ainda.
Claro que faço isso mergulhado em contas e responsabilidades.

A inexperiência me guia dia a dia, enquanto espero a experiência que me trará a morte
Que me trará a morte.
No dia seguinte, passo mau, e isso é mau.
A depressão pega minha rabeira,
E fico mau o resto do dia,
Não me canso de de dizer mau, mau, mau.
Sem saber se assim que se escreve.

A inexperiência me guia dia a dia, enquanto espero a experiência que me trará a morte
Que me trará a morte.
A cada dia,
A cada pedaço,
A cada partícula,
A cada célula,
A cada,
A cada...

A inexperiência me guia dia a dia, enquanto espero a experiência que me trará a morte
Que me trará a morte.
Outrora era calmo,
Meu pensar,
Agora é agitado e confuso.
E cada dia mais curto.

A inexperiência me guia dia a dia, enquanto espero a experiência que me trará a morte
Que me trará a morte.
É o tempo se esvai entre meus dias.
E?
Sento e espero tudo passar?
Sento, sim. Mas enquanto isso escrevo.
Escrevo?
É.
Para quê?
Para dizer que em meio a este tempo que se esvai, sonho em ser escritor,
É um escritor, se me julgo como tal?
Não, me julgo, apenas tento ser o que neste ponto da vida sonhei ser.

A inexperiência me guia dia a dia, enquanto espero a experiência que me trará a morte
Que me trará a morte.
Tento ser.
Meu amanhã é uma incógnita.
Não me falo nenhuma novidade.
Nenhuma novidade.

A inexperiência me guia dia a dia, enquanto espero a experiência que me trará a morte
Que me trará a morte.
Está acabando.
Realmente está acabando, minhas mãos enrugadas e trêmulas,
Transmitem a falta de julgamento, e a certeza de que nunca haverá respostas para tudo,
Pelo contrário mais dúvidas e questionamentos.

A inexperiência me guia dia a dia, enquanto espero a experiência que me trará a morte
Que me trará a morte.
E ela está próxima a cada segundo que passa, como este que acabou de passar.
Respiro.
Não respiro.
Acabo.

segunda-feira, 3 de abril de 2006

O Pessimista. Escrita em 08/12/2000

Postada em 03/04/2006 - Em apoio ao que o J. Kagyn escreveu no http://infinitoparticular.blogspot.com/

Me designo o poço.
A solidão.
A imprudência.
E os erros do coração.

Me fecho.
Crio uma ilha.
Me tranco.
Num calabouço claudiano.

Que importa?
Nada...?
Não sei diferenciar.
Sinto somente as perdas.

Tenho confiança.
Não por mim.
Mas as tenho.
Pela necessidade de tê-las.

Sou fraco.
Sou pevertido egocêntrico.
Sou o nada.
E o tudo do meu ser depressivo.

Amar.
Sentir.
Já viu?
Me esqueci.

Minto.
A mentira mais cega que já existira.
Meu sentimento se é que ele é ainda meu.
Me conforta e descontrola.

O arrependimento das coisas mal feitas veêm
á tona.
E as desculpas surgem

Não liguem pra mim.
Não mais preciso disso.
Não mais...
Apenas finjo ser alegre.

Não me sinto bem.
Sinto falta.
Sinto falta do que tinha.
Unido ao medo de cometer
erros e perder o que ainda penso que tenho.

quinta-feira, 9 de março de 2006

Reação química de...

De fato e com certeza não acordei bem.
Minha ilusão da noite passada não se consolidou.
Algo estranho e químico está partindo meu corpo frágil
Sinto minha hemorragia química aumentar.
Estranhamente aumentar

Não sinto mais nada
Minha pele mera cobertura.
Meu coração mero móvel.

Pensamento esvaziou-me
O acompanho
.O perco
Caio e não caibo em nada

Volto ao corpo
Me falta calcio
Não levanto
Quimicamente morto.

Não solto a idéia
Ela se solta de mim
Finalmente só.

Mera E Mero se casam
E me largam
Me substimam deitado
Fazem sexo tântrico em cima do meu nariz

Não rio.
Nem grito
Nem pisco
Tão pouco vivo.

quarta-feira, 8 de março de 2006

Uma espécie de arroto

Correndo, correndo, correndo de maneira absurda e confusa cai penhasco abaixo, o vento era tão forte, mais tão forte que cortava a pele, as gotas de sangue brigavam entre si e contra gravidade, lágrimas no começo de arrependimento, depois de contentamento. As rochas eram pequenas mas a cada piscar cresciam e cresciam, como a certeza da morte a se aproximar, bateu um desespero, mais uma dúvida, um galho, outro e na hora que chegava a felicidade...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Da dor no coração

Da longa amizade ao fim da estrada.
Engulo seco.
Delicie-se no melado feito em minhas costas.
Passe a língua,
Sinta meu gosto salgado.

Não sinta o prazer do meu olhar.
Fique com a dúvida da minha voz.
Permaneça com meu sentimento que te dei.

Da longa estrada uma luz fraca.
Semeio minha face com uma lágrima.
Deixo um sertão entre nosso caminho.
Um sorriso infundado para o Destino,

Não ria.
Fique na certeza.
Não mostre sua falha.

Do seu olhar em sua vida.
Olhe para frente.
Não se decepcione com olhares que você não conhece.

Não chore.
Não se lambuse.
E se precisar volte ao que era antes.

Da estrada, olho para frente.
Dobro e guardo a parte da amizade que me cabe.
Coloco em meu olhar o que você deixou de me ensinar.
E deixo em ti, vago, o meu lugar.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Vida

Subitamente chego a estrelas, ultrapasso as nuvens sem perceber, e sem ser percebido.
De repente os pássaros me notam.
Circundam-me, brincam, sorriem, conversam e mergulham
em um belo vôo rasante.
Sinto-me caindo, a sensação do vento em meu rosto é inigualável, o vento cria e descria formas, e suas crias caminham, voam por diversos caminhos.
Caio em cima de uma montanha de gelatina, gelatina, gelatina.
Durmo.
Sonho com Estados em guerra, o Estado das drogas enfrentam o exercito das bebidas alcoólicas, esta guerra perdura há anos,
sem previsão para acabar.
O sonho muda como chocolate.
Me delicio com chocolate.
Afrodisíaco, afrodisíaco.
Bebo vinho, conheço as bacantes,
me apaixono por Baco.
Acordo.
Nasço.
Cresço.
Estudo.
Me apaixono.
Desapaixono.
Saiu de casa.
Me apaixono.
Perco emprego.
Me desapaixonam.
Arrumo emprego.
Perco.
Perco tudo.
Trilho outros caminhos.

Sonho e vida.
Sonho e vida.
Flerto com a morte.
Li os últimos pessimistas.
Estava pronto.
Estava indo.
Estava...
Escuro.Escuro.
Um oi.
Um carinho.
Uma atenção.

Eu tinha.
Eu tinha!
Eu tinha amor.
Amor.
Namorei,
Casei.
Tive filhos.
Sou velho agora.
Tenho meu amor, minha salvação ao meu lado.
Do meu apartamento, vejo o céu, converso com os pássaros, bebo vinho, e também como gelatina com os meus netos.
Converso com Baco a noite no meu quarto e junto com minha companheira, sinto o mesmo vento inigualável do meu rosto por todo corpo.
Sonho.
Claridade.
Claridade.
Estou indo.
Estou indo...

Ainda te amo meu amor.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

É melhor dor no coração que dor de cabeça depois.


É melhor dor no coração que dor de cabeça depois”, esta frase dita por um grande representante da nova geração, aliás e infelizmente por um dos poucos rapazes de 21 anos que conheço que merece respeito, fica cada dia mais clara para mim.
É impressionante e triste como as pessoas estão perdidas envoltas, não melhor dizendo presas em seus próprios umbigos, se bobear elas fazem até algum tipo de oração para um espelho que reflete o umbigo:
Querido e belo umbigo perfeito, existe alguma possibilidade real para que a minha vida linda e maravilhosa fique mais bela e formosa do que agora?
Pelo amor de Deus!!!!
É nojento como o ser humano é egoísta, é nojento “disgusting” quem sabe assim eles entendem o que estou querendo dizer.
Hoje em dia ou é do jeito que as pessoas querem ou não é, não se pode ir contra qualquer tipo de idéia, que pronto se perde o amigo, e ganha-se um inimigo, não se pode falar absolutamente nada, não se pode tentar organizar nada, não existe uma conversa saudável, apenas vamos fazer do jeito que dá e este jeito tem que ser o jeito da pessoa, o jeito egoísta, o jeito que ela quer...
Em menos de cinqüenta anos as coisas mudaram muito por aqui, os jovens simplesmente são a prova em maior crescimento da alienação e do egocentrismo exacerbado. MPB é coisa de intelectualóide, Beatles é coisa de quem não ama o nosso país, programas que investigam você cagando no banheiro e escutando o barulho da merda caindo é o máximo, George Orwell não consegue mais se virar no seu caixão, e a cada dia que passa os jovens, as pessoas vão ficando mais “atoladinhas” na vida.
Não sou o dono da razão.
Não sou um revolucionário.
Não como criancinhas.
Não sou bicha, maconheiro e não transformo o país num puteiro como já disseram um dia. E se eu fosse?Precisaria amar as pessoas como se não houvesse o amanhã e rezar dois pais nossos e uma ave maria e tudo estaria resolvido?
Não, não é isso.
Quero poder pensar.
Quero viver e não sobreviver.
Quero que minha esperança se torne realidade e que a dor no meu coração valha a pena!
Quero ter os meus ideais e ter arroz e feijão e um ovo frito.
Quero ter o suficiente para trabalhar com arte.
Arte sem dor no coração, no estômago, com amigos do meu lado!
Quero fazer o que amo!
Hoje, amanhã e sempre.
Quero ter a certeza que não terei dor de cabeça!
E dizer para todos e para mim mesmo, que existe o emplasto que cura este problema, que é só virar na esquina, que é só olhar nos olhos das pessoas que se poderá ver em cada olhar um respeito coletivo, e que a Arte está por trás disso.
Sem dor no coração!
Sem dor.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Coletivo! Palavra que tem força por si só.
Coletivamente, mais uma vez, a arte superou mais um ano neste país. Sobreviveu com muita força e orgulho!Em algum lugar do Brasil, mais um grupo de teatro apresentou algum espetáculo. Assim como, num outro cantinho do país, um escritor, com esforços “ao cubo” e muito “amigocínio” publicou seu primeiro livro. Um cantor, em sua batalha, gravou seu CD ou apresentou seu show. Um pintor, com seu suor e tinta teve seu trabalho exposto. Olho na arte! A arte tem mais força do que se pode imaginar! ARTE! ARTE!
Mesmo assim é pouco. Muito pouco. A produção artística e os próprios artistas, precisam de mais união, se fundir em coletividade. Será lindo ver em 2006, escritores novos surgindo, cantores, pintores, grupos novos de teatro despontando, artistas e mais artistas!
Para quem ama a arte: façam coletivos, juntem-se, reunam duas ou três pessoas conversando, refletindo, filosofando... Porque arte é pensar! Arte é agir.
Coletivar é dar vida. Dar vida é arte e arte é viver.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Sobre este blogueiro

Escritor, professor, tradutor, roteirista, dramaturgo e produtor. 
Fui coordenador do BRIVA Espaço Cultural de 2005 a 2006, um dos fundadores e membro do SuperNova Coletivo de Dramaturgos 2005 a 2007 grupo que se dedicou ao estudo e criação dramatúrgica, trabalhei com o Núcleo de Subsolo de 2008 a 2010.
Em 2011 junto com Fabio Ramos fundei o blog literário Texto de Garagem onde participei do coletivo organizando e escrevendo todas as segundas-feiras até o final de abril de 2012. 
Tive textos publicados no livro Dedic Escreve Coletânea de Contos, Poesia e CrônicasCNTP Discussões teatrais, no jornal de crônicas RelevO, No site literário O Bule, Revista Um Conto entre outros.
Atualmente assino uma coluna no site esportivo Os Soberanos.
Sou autor do blog O Número 8 onde escrevo desde de 2006.


Literatura






Coletânea de contos, poesias e crônicas Dedic Escreve 2004
Poesia: Pensar









Cinema

"Curtas de improviso n°3 - Era uma vez em Rio Grande da Serra" Ano 2010
Produção: Núcleo de Subsolo
Roteiro: Alissandra Rocha, Claudio Rosa, Danny Monroe, Geovane Fermac, Johnny Kagyn e Rafa Snarf.
Direção: Johnny Kagyn




"Curtas de improviso  n°2 - All is time" Ano 2009
Produção: Núcleo de Subsolo
Roteiro: Alissandra Rocha, Claudio Rosa e Johnny Kagyn
Direção: Johnny Kagyn






"Curtas de improviso n°1 - A mochila" Ano 2009
Produção: Núcleo de Subsolo
Roteiro e Direção Alissandra Rocha, Claudio Rosa e Johnny Kagyn




"Sobre o Mundo lá de baixo" Ano 2009
Produção: Núcleo de Subsolo
Roteiro: Alissandra Rocha
Direção: Johnny Kagyn
Assistência de Direção: Claudio Rosa e Tábata Seron






Teatro








"Da Criação da Cena" - Ano 2006
Produção: SuperNova Coletivo de Dramaturgos
Dramaturgo.